Instalados na região de Paris como "os mais estranhos estrangeiros" nas décadas de 1960 e 70, os migrantes portugueses de origem camponesa foram-se retirando gradualmente das imagens mediáticas e do espaço público francês de uma maneira geral, até se tornarem "invisíveis". Esta invisibilidade faz hoje parte do discurso francês de senso comum acerca das comunidades estrangeiras e o seu poder ideológico desencorajou a pesquisa sobre as formas e os significados da representação dos portugueses e dos descendentes que, de facto, existem nos média. Este texto baseia-se em análises de conteúdo e de discurso a dois jornais diários, o Le Monde e o Le Parisien, cujos resultados apontam para um processo de desetnicização de baixo status, cujo impacto se faz sentir nas estratégias simbólicas dos descendentes. Tal cenário, junto com a escassez de fluxos da cultura mediática portuguesa em França, torna difícil conciliar o processo de desetnicização com a existência de uma identidade cultural que constitua um recurso afirmativo para os jovens de origem portuguesa.
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