A pluriculturalidade é uma característica típica das sociedades industriais da Europa Ocidental actuais, que resulta de fenómenos vários como a democracia de massa, a sociedade de consumo, a tecnocratização, o desenvolvimento da cultura urbana, a privatização dos media e o seu poder crescente, o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e de comunicação, a privatização do religioso e laicização do espaço público (Perotti, 1997, 24). Nestas sociedades, estamos perante um vasto conjunto de opiniões filosóficas, morais, políticas e religiosas que partilham de um direito comum de cidadania e de livre expressão. E assim assistimos ao surgimento na esfera pública de muitas "identidades pós-nacionais", formas diversas de cultura, religião e etnicidade (Martiniello, 2004, 1-2). Face a esta pluralidade cultural faz todo o sentido reflectir sobre o diálogo, que acontece no mesmo espaço territorial, entre civilizações e culturas distintas, fomentado pelas populações imigrantes. Por isso, e partindo do repto lançado por Lucien Sfez (1993) acerca da importância da comunicação enquanto o meio que torna possível a coexistência em sociedade, propomos caracterizar a política de comunicação (e a estratégia que lhe dá corpo) feita para informar e acolher as populações imigrantes em Portugal - hoje centralizada no Alto Comissariado para a Imigração e as Minorias Étnicas (ACIME). Este projecto de estudo de caso torna-se pertinente para delinear as especificidades de um campo que ainda não tem muitas obras referenciadas: falamos da "comunicação intercultural" ou "comunicação na diversidade", na área da comunicação institucional e relações públicas, sobretudo num enquadramento europeu.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados