O futebol tem se constituído em vários países do mundo e, particularmente no Brasil, em um campo de debates acerca da nação e do seu "povo". As avaliações do desempenho dos selecionados nacionais dão margem a definições de realidade nas quais, muitas vezes sob a aparência de neutras análises técnicas e táticas, viajam inúmeras idéias e valores sobre o Brasil e os brasileiros. Neste texto pretendo demonstrar, através de duas concepções ideologicamente antagônicas que o campo de futebol é também, no Brasil, um campo no qual há uma intensa disputa acerca de quem tem o direito de dizer e no qual se expressam os conflitos acerca do que é o "povo brasileiro".
Este trabalho compõe-se de três partes: na primeira, argumento serem as avaliações sobre o futebol, no Brasil, importantes veículos para a divulgação de interpretações sobre a nação e o �povo brasileiro�; na segunda exporei uma destas versões, que, embora aparentemente datada, atualiza-se cotidianamente, nos clubes, na atuação dos dirigentes esportivos e, algumas vezes, dos técnicos de futebol, podendo ser amplamente interpretada como uma versão das elites; numa terceira parte apresento um discurso expresso por um jogador do selecionado brasileiro no contexto da Copa de 94, tendo igualmente como tema central o �povo brasileiro� mas veiculando avaliação distinta da anterior e reivindicando para o próprio �povo� o próprio direito de dizer.
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