Neste artigo apresento parte da pesquisa desenvolvida no curso de pós-graduação em Educação, buscando compreender por que observamos, no ensino de literatura, a permanência de práticas arraigadas na tradição, embora a pesquisa acadêmica e os documentos oficiais, como os dispositivos curriculares, combatam tais práticas. Para isso, iniciamos o nosso trabalho, examinando a história da disciplina Literatura, procurando, nessa trajetória, compreender como o modo de sua inserção no currículo escolar brasileiro determinou as práticas que se consolidaram na tradição do ensino de Literatura. Em seguida, examinamos os documentos curriculares por considerá-los capazes de fazer vislumbrar o que, dos novos estudos e propostas de ensino de Literatura, estava chegando aos professores da rede de ensino fundamental e médio. Por fim, a pesquisa permitiu-nos concluir que a dificuldade do professorado na aceitação e implementação das inovações propostas nos documentos curriculares deve-se não apenas à precariedade de sua formação, mas, principalmente, pelo modo peculiar de apropriação do trabalho científico, o que explica, em parte, a permanência de práticas arraigadas à tradição, embora mescladas a algumas proposições inovadoras. Esta mescla caracteriza a relação compósita dos saberes docentes (Tardif, Lessard, Lahire, 1991), outra categoria de análise mobilizada para analisar a questão.
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