Nos idos dos anos 1960, a intervenção sobre a cultura popular tornou-se um suposto da ação política de agentes modernizadores da sociedade brasileira. Por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Igreja Católica elaborou um projeto educacional de dimensão nacional, articulando suas emissoras de rádio no território brasileiro aos centros de educação radiofônica rural e criando, em 1961, o Movimento de Educação de Base (MEB).
Os pressupostos teóricos e filosóficos do Movimento transcendiam as questões do aprendizado formal e pautavam-se por estratégias de ação da Igreja sobre os problemas de crescimento econômico e desenvolvimento social das regiões pobres brasileiras. O artigo em questão versa sobre o camponês que participou do MEB e suas experiências escolares, avaliando os preceitos de educação rural, educação cívica e alfabetização de adultos propostos na ação dos agentes e das instituições modernizadoras do campo brasileiro.
Analisamos os processos de assimilação e resistência do camponês aos princípios e projetos modernizantes externos à sua cultura.
Novos ritmos de tempo, novas representações e novos significados foram introduzidos pela escola sobre práticas culturais seculares do campesinato brasileiro. No MEB, tal fenômeno resultou tanto na assimilação dos novos estímulos trazidos pela escola, quanto na insurreição de costumes e hábitos interligados às funções ritualísticas e costumeiras do indivíduo e/ou da comunidade rural.
In the 1960s, the intervention on popular culture became an assumption of the political action of the modernizing agents of Brazilian society. Through the National Conference of Bishops of Brazil (CNBB), the Catholic Church developed a nationwide educational project, linking its radio stations in Brazil to the centers of radio education, and in 1961 it created the Basic Education Movement (MEB). The theoretical and philosophical assumptions of the movement transcended the issues of formal learning and were based on strategies of action of the Catholic Church on issues of economic growth and social development of the poor regions of Brazil. This article is about the peasants who participated in the MEB and their school experiences. It evaluates the precepts of rural education, civic education and adult literacy proposed in the action of the agents and the modernizing institutions of the Brazilian countryside. I have analyzed the processes of assimilation and resistance of the peasants to the modernizing principles and projects outside their culture. New rhythms of time, representations and meanings were introduced by schools into the secular cultural practices of the Brazilian peasantry. In the MEB, this phenomenon resulted both in the assimilation of new stimuli brought by the school, and in the insurrection of customs and habits connected to the ritualistic and customary functions of the individual and / or rural community.
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