Esta pesquisa aborda, principalmente, três questões: a noção de realismo cinematográfico, as formas de olhar para o real e de dizer dele, e a dissolução do conceito de herói. Para tanto, serão analisados quatro filmes de Jean Rouch realizados na passagem dos anos sessenta: Os Mestres Loucos (1956), Eu, um Negro (1959), Gare du Nord (1965) e Jaguar (1967). Nesse período, o cinema vive um momento de conflito. Jovens realizadores questionam as tradições cinematográficas:
a estética, as escolhas narrativas, assim como os conceitos.
O objetivo geral desta tese é entender esse momento peculiar da história do cinema. E, especificamente, entender o papel de filmes de Jean Rouch no interior desse conflito cinematográfico. Sem nunca ter conquistado o grande público, seus filmes alimentaram o debate que mobilizou a crítica e o público cinéfilo, especialmente os relacionados à Nouvelle Vague, ao Cinema-verdade e ao Cinema direto. A escolha desse cineasta justifica-se pelo papel que seus filmes desempenharam no seio desses movimentos, permanecendo, no entanto, um dos diretores menos estudados do período. A entrada para a análise é necessariamente transdisciplinar. O ponto de partida vem da idéia de Pierre Francastel de que as imagens expressam conceitos e pensamentos que apenas existem nelas, e apenas ascenderemos a elas recorrendo à análise das obras. Assim, para operar a análise de filmes, uma bibliografia foi elaborada, combinando teorias da sociologia e do cinema. A tese divide-se em três partes. As duas primeiras são dedicadas à análise dos filmes. A última procura alinhavar os debates e delimitar a participação de Rouch e seus filmes no seio do conflito cinematográfico
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