The heteronyms of the Portuguese poet Fernando Pessoa is one of the most fantastic creations of modern poetry. Through them, and pretending to be one of them, the poet presents himself as multiple, as if inhabited by several people, assuming several selves, in a literary game in which the poet does not identify himself with any of them.
Without ignoring the complexity of such literary creation, the paper aims to address some aspects of the work of Fernando Pessoa-himself. In a sense, Fernando Pessoahimself is also a heteronomous that carries a message that is neither confessional nor a bibliographic one. Fernando Pessoa-himself presents himself as a dramatic expression of an identity search within a constellation of some complex and suffered personalities. The pretended pain that pretends to be a true suffering as well other representations of the existential pain of Fernando Pessoa-himself can be comprehended as anxiety and mystique. To accomplish this purpose, the article will report primarily to the unpublished last poems of the great poet Fernando Pessoa, written between 1919 and 1935.
Os heterônimos do poeta português Fernando Pessoa constituem uma das mais fantásticas criações da poesia moderna. Através deles, fingindo-se um deles, o poeta apresenta-se múltiplo, como que habitado por várias pessoas, encerrando vários eus, num jogo literário em que, entretanto, não se identifica com nenhum deles. Sem desconsiderar a complexidade dessa criação literária, o artigo propõe-se a abordar alguns aspectos da obra do Pessoa ele-mesmo. Em certo sentido, Pessoa ele-mesmo é também um heterônimo. Poeta fingidor, nada nele é diretamente confessional ou biográfico. Pessoa ele-mesmo apresenta-se como a expressão dramática de uma busca de identidade, aberta numa constelação de personalidades complexas e sofridas. A dor fingida que finge a dor sofrida e outras representações da dor existencial de Pessoa ele-mesmo podem ser lidas como angústia e mística. Para tecer esse percurso, o artigo se reportará às poesias inéditas de 1919-1935, basicamente os últimos escritos do grande e múltiplo poeta português.
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