This paper investigates an unusual variation of the classic hagiographic attributes of St. Benedict: St. Benedict of the Rosary with heart. The article tries to explain both the relative rarity of this additional attribute as its existence. The history of representations of St. Benedict is discussed and examples are given for the role and characteristics of the religio cordis for colonial Brazil within the fraternities and sororities that venerated St. Benedict. It is argued that the alternative hagiographic attributes of St. Benedict represent different emphases of the Christian faith in more or less proximity to the colonial project of religion. It is concluded that the confraternities of black people preferably did not use the figure of Benedict with the Jesus as a child, but the representations of Benedict of the Rosary. Thus not the experience of mystical union is emphasized as the center of their faith, but the model of shared solidarity, according to which the nearness of God is related to the proximity to those in need. We do not interpret the attribute of the heart as a return to the dominant discourse of the religio cordis of colonial Catholicism but as a critical rereading of the official discourse by the fraternities and sororities.
Neste artigo, investiga-se uma variação incomum dos atributos hagiográficos clássicos de São Benedito: o São Benedito do Rosário com coração. Procura-se explicar tanto a relativa raridade de figuras com esse atributo adicional como a sua existência. Para isso, discutem-se a história das representações de São Benedito, função e exemplos da religio cordis no Brasil colonial e as características das irmandades e confrarias que veneravam São Benedito. Defende-se que as atribuições hagiográficas alternativas de São Benedito representam ênfases da fé cristã distintas com mais ou menos proximidade ao projeto da religião colonial. Conclui-se que as confrarias dos homens pretos não usaram preferencialmente a figura de Benedito com o Menino Jesus, mas as representações do Benedito do Rosário. Dessa forma, não enfatizaram na experiência da união mística como expressão máxima e propósito predileto da sua fé, mas no modelo da partilha solidária, segundo o qual a proximidade de Deus passa pela aproximação aos/às mais necessitados/as. Interpretamos o atributo do coração não como retorno para o discurso dominante da religio cordis do catolicismo colonial, mas como uma releitura crítica do discurso oficial pelas confrarias e irmandades.
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