Este texto tem como propósito apresentar um conjunto de reflexões proporcionadas pela análise de dois projectos artísticos referentes à experiência do cancro de mama. Introduzidas na Internet, estas produções permitem-nos seguir os múltiplos sentidos e usos acumulados pelo objecto de arte entre as motivações iniciais dos seus produtores e os objectivos da sua reinstalação entre o espaço público e o lugar digital. Propõe-se uma redefinição da arte enquanto conhecimento e prática interventiva, aplicável não apenas nos processos individuais de confronto com a doença, mas também em acções contrahegemónicas de resistência, informação, reivindicação e activismo terapêutico de ambição global. Dando sequência a esta proposta, exige-se uma avaliação do potencial da utilização de saberes artísticos não apenas na experiência, compreensão e intervenção sobre o cancro mas também enquanto dispositivos recrutáveis na constituição de uma forma alternativa de globalização na regulação da doença oncológica, assumindo-se o cancro como uma realidade socialmente produzida sobre o mundo, contra a noção da sua reprodução espontânea no corpo.
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