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Resumen de Ciência & Tecnologia, desenvolvimento e poder local: as organizações e o contexto de referência

Sueli Goulart, M.M.F. Vieira

  • Sob predomínio da economia neoclássica e da ideologia neoliberal, o desenvolvimento é um processo evolutivo linear: o caminho até os estágios mais avançados vincula-se ao cumprimento de etapas, referidas ao modelo capitalista industrial de reprodução. Um de seus principais determinantes é a produção científica e tecnológica. Entretanto, as políticas empreendidas sob esta orientação não se mostraram capazes de resolver o problema da fome, da miséria, do analfabetismo, da violência, da degradação moral, do esgotamento das fontes de energia e dos recursos naturais. Assim também, a crescente produção científica e tecnológica nos países periféricos, concentrada nas universidades, não se revelou capaz de fomentar transformações sociais que contribuam para reverter seu caráter de subdesenvolvimento e dependência.

    Para analisar a capacidade de influência das universidades, particularmente no Brasil, sobre o desenvolvimento econômico e social, parece importante recuperar categorias teórico-empíricas formuladas pela CEPAL desde as décadas de 50 e 60 e articulá-las à noção de desenvolvimento local, emergente desde os anos 80.

    Às dimensões macro-estruturais do contexto, conjugam-se especificidades, cuja síntese está no que se enuncia, sinteticamente, como o senso global do local. A articulação entre as esferas global e local depende da capacidade das organizações, como unidades sociais dominantes, em contextualizar-se cognitivamente ao cenário macro-societal e inserir-se no espaço local de poder. Este parece ser um dos papéis fundamentais a ser desempenhado pelas instituições sociais, entre as quais as universidades, que sempre tiveram destaque na organização da cultura e da produção científica, o que pressupõe a capacidade de, sintonizadas com o universo global, influenciar o desenvolvimento de seu lugar, seu povo e sua história.

    Buscar aporte teórico que permita melhor compreensão dos determinantes do desenvolvimento requer um olhar multidisciplinar, ainda que centrado nas Ciências Sociais e, mais especificamente, na análise das organizações. A teoria institucional parece capaz de subsidiar investigações dessa natureza. Os elementos reguladores e normativos das instituições permitem explicar a homogeneidade de formas organizativas em um dado campo, ainda que as organizações componentes estejam situadas em localidades distantes entre si, ou comportem diferentes situações no que se refere à idade, tamanho e complexidade, como é o caso das universidades brasileiras.

    Já os elementos cognitivos valorizam as interpretações subjetivas das ações e que se somem à representação que indivíduos fazem dos ambientes configuradores de suas ações. Sob esse ângulo, são os significados atribuídos pelos indivíduos à realidade em que se acham inseridos que conformam seu contexto institucional de referência. A interpretação dos elementos institucionais é mediada por indivíduos, grupos e organizações que selecionam aqueles que mais se coadunam com sua lógica interior.

    O conhecimento, objeto e produto das universidades, tem como uma de suas características a pretensão de universalidade. As organizações e grupos que o produzem compartilham valores próprios a suas respectivas áreas e se legitimam mediante a conformação aos padrões de excelência vigentes no campo. Supõe-se que a predominância de elementos do contexto institucional de referência internacional proporcione maior suporte ambiental às universidades. Entretanto, a referência macro-ambiental não as isenta de seu papel social mais estrito, qual seja, o de responder e refletir as demandas de indivíduos, grupos e organizações de seu entorno imediato.

    Argumenta-se que, juntamente com sua capacidade de interpretação do contexto mais amplo, é sua inserção na localidade, especialmente por meio de ações mobilizadas em escalas interorganizacionais, que poderá assegurar às organizações universitárias efetiva capacidade de intervenção e exercício de seu papel social.

    Este ensaio é elaborado, portanto, com o objetivo de sustentar o argumento de que as organizações universitárias têm papel determinante no desenvolvimento na medida em que sua capacidade de interpretação do contexto global esteja articulada à sua capacidade de ação e inserção local.


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