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Resumen de Programa Acões Afirmativas na Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil: uma estratégia de resistência negra na diáspora africana

Nilma Lino Gomes

  • O presente trabalho analisa e discute a experiência do Programa Ações Afirmativas na UFMG. Trata-se de um programa de extensão e pesquisa universitária, que atende a jovens universitários(as) negros, sobretudo os de baixa-renda, regularmente matriculados em qualquer curso de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil, iniciado no ano de 2002. Tal programa apresenta uma proposta concreta de superação da desigualdade social e racial no ensino superior, uma vez que as pesquisas e estatísticas oficiais do Brasil atestam que, no conjunto de uma população composta por 45% de negros, somente 2% destes conseguem ter acesso ao ensino superior. Além disso, os jovens negros que conseguem entrar na universidade encontram limitações de permanência e apresentam trajetórias acadêmicas acidentadas. A partir dos anos 90, com as denúncias do Movimento Negro e as lutas pela democratização da universidade, no Brasil, e com a realização da 3a Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, África do Sul, no ano de 2001, essa discussão tomou maiores proporções no campo dos movimentos sociais e na formulação de políticas públicas e de pesquisas. Em várias universidades públicas estão sendo implementadas experiências relevantes de ações afirmativas que estão a exigir estudos e pesquisas para a concretização de uma universidade democrática que inclua e respeite a diversidade étnico/racial. Neste contexto situa-se a proposta que coordeno, o Programa Ações Afirmativas na UFMG, da qual participam 13 professores(as) da Faculdade de Educação, Faculdade de Letras, Escola de Ciência da Informação e Escola de Ensino Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG e em torno de 70 alunos das áreas de educação, letras, história, ciências sociais, ciências exatas, artes cênicas e ciências biológicas. No Brasil, as políticas de ação afirmativa convivem com uma realidade social e cultural muito diferente de outros países onde tal iniciativa já foi implementada, a saber, a existência de um racismo ambíguo e a crença no mito da democracia racial. Este é o contexto no qual se localiza a experiência do Programa Ações Afirmativas na UFMG. As atividades de pesquisa, extensão, monitoria, cursos, debates e acompanhamento da trajetória acadêmica dos alunos(a) envolvidos neste Programa levam em consideração a especificidade das relações étnico/raciais no Brasil. A construção de uma identidade negra positiva tem sido um dos maiores desafios do Programa e, nesse sentido, essa experiência pode ser considerada como integrante do movimento de resistência negra na diáspora africana.


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