O ponto de partida desse estudo centra-se na utilização dos conceitos desenvolvidos por Maturama & Varela de biologia da cognição, por Bruno, F., de cognição híbrida e na distinção feita por Koselleck entre espaço da experiência e horizonte de expectativa para pensar uma, como propõe Vaz uma nova historicidade do pensamento e do sujeito na contemporaneidade com vistas a discutir novas formas de seleção do conhecimento escolar e, consequentemente, novos modos de organização e distribuição do currículo formal e informal. Parto da constatação de que é predominante ainda nos dias de hoje, no campo da epistemologia, o chamado representacionismo, ou seja, a noção do conhecimento como uma mera representação de uma realidade pré-datada à experiência humana, independente do contexto ou mesmo daquele que conhece. As conseqüências que esse tipo de perspectiva produziu e ainda produz , nas diversas modalidades de ensino, apontam para uma concepção de cognição como um mero atributo do sujeito cognoscente e para um modelo de currículo de estrutura disciplinar, normatizador, hierarquizado e fragmentado, a despeito de todas as propostas e esforços atuais de interdisciplinariedade. Ignora-se, também, o fato de que vivenciamos uma intensa imbricação de objetos e dispositivos técnicos em nosso cotidiano com evidente repercussão sobre as atividades e funções cognitivas. A representação e utilização da tecnologia no universo escolar ainda se apresenta, na maioria das vezes, restrita a softwares educativos e plataformas de educação a distância, ou seja, como um mero recurso na aquisição do velho conhecimento acima descrito. De fato, as pesquisas contemporâneas no campo das biocências e neurocognição, têm indicado que o aprender é uma propriedade emergente da auto-organização da vida, que processos vitais e processos de aprendizagem possuem a mesma estrutura. Nesse sentido, o papel de uma escola não excludente seria o de proporcionar vivências do aprender a partir dos diferentes contextos individuais e coletivos que se apresentam para o universo educacional. Nesse cenário, passa a ser central o estudo do impacto e influência dos objetos técnicos na cognição, uma análise do próprio conceito de experiência e a aposta de que a tecnologia tem papel fundamental na constituição da subjetividade contemporânea e, portanto, devem ser estudas e trazidas para o interior do debate educacional de forma não instrumental e sim como algo constitutivo do próprio indivíduo e sua historicidade.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados