Tendo como pano de fundo a questão social e sociológica sobre quais as condições necessárias para a emergência (ou não) da acção colectiva, a comunicação pretende equacionar esta questão confrontando diversas posições a este respeito, enriquecendo-a com os resultados empíricos obtidos num estudo de caso num assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado de Pernambuco (Brasil). Metodologicamente, visando uma abordagem compreensivainterpretativa e explicativa, privilegiaram-se as técnicas de cariz qualitativo (observação participante e entrevista) sem contudo descurar dados de ordem quantitativa pela via do inquérito.
Estes trabalhadores, no âmbito de um processo histórico de resistência/luta contra a excludente concentração da terra no Brasil � surgem pelo MST com uma organização própria, questionando inclusive a lógica global inerente ao actual estádio do desenvolvimento capitalista. Recolhendo contributos de diversos autores (neo)marxistas e (neo)weberianos sobre movimentos sociais (vg Lucàks, Touraine, Giddens, Offe), assumimos todavia como básico o imperativo da sobrevivencia e segurança (Scott) e combinamos, na esteira de Bader, os diversos níveis de análise da acção colectiva: as condições socioestruturais e situações objectivas de vida dos actores sociais e o potencial de recursos designadamente organizacionais (vg assentados do MST), hábitos, cultura e estilos de vida, experiências/vivências e trajectos de vida, lideranças e capacidade de mobilização, ideologias/utopias, oportunidades externas (vg tipo de governo). Por fim, damos conta dos avanços, oportunidades e limitações do MST, assim como eventuais recomposições e perspectivas no futuro próximo.
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