Dois casos recentes de crianças desaparecidas em Portugal ("Joana" e "Maddie") vieram acentuar as contingências dos usos da genética forense em investigação criminal. Apesar dos sucessos, são reconhecidos os problemas associados à técnica de identificação de indivíduos por perfis de ADN, seja pela contaminação e degradação de amostras, dificuldades na recolha e transporte, ou mesmo pela falta de amostras de referência. Os discursos mediáticos espelham representações populares da genética forense que beneficia da aura de racionalidade, objectividade, neutralidade associada à ciência em geral e ao ADN em particular, mas também do imaginário disseminado por séries populares como o CSI, onde a produção de prova surge referenciada a uma imagem de super-ciência. Os casos mais mediatizados resultam frequentemente em discussões em torno da adequada adjudicação de meios à investigação e prevenção do crime, bem dos sentimentos de (in) segurança das populações. Assim, será nosso propósito lançar um olhar sobre os discursos e as representações mediáticas acerca da genética forense, em contexto de investigação criminal associada a casos amplamente mediatizados. Trata-se de uma modalidade de exposição dos cidadãos a crenças sobre as potencialidades e características da genética forense, que surge conjugada com representações populares da investigação criminal e do sistema de justiça.
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