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Resumen de Encontrando espaços de emancipação na história de vida de ex-alunas de escola luterana

Claudete Beise Ulrich

  • "Onde há vida, há inacabamento.

    Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente.

    (...) A consciência do inacabamento entre nós, mulheres e homens, nos fez seres responsáveis, daí a eticidade de nossa presença no mundo." A partir do método etnográfico, procura-se conhecer a história de vida de ex-alunas de escola luterana. A etnografia está baseada "na procura de alteridades", sendo sua preocupação "captar algo da experiência das pessoas", a partir do "método de reunir partículas". A importância da técnica da história de vida "se dá na medida de sua correlação com as demais fontes de dados do método etnográfico: a convivência prolongada que permite uma observação antropológica elaborada, o conhecimento dos ritmos e espaços da vida cotidiana, os complexos eventos coletivos, as múltiplas redes sociais onde os indivíduos circulam e negociam identidades (os rituais, os laços familiares, de parentesco, o poder local, os agentes, etc)." O objetivo de narrar a história de vida de ex-alunas de escola luterana é, em primeiro lugar, afirmar que cada mulher é capaz de envolver-se com a produção do conhecimento. Quando as mulheres narram suas histórias de vida, processa-se a construção da auto-estima, de um sentimento de identidade de classe social, gênero, etnia, profissão, religião, de pertinência a comunidades afetivas, ou categorias que participam de um passado comum, destacando-se acontecimentos-geradores que estabelecem continuidades, rupturas e marcas na existência.

    Com a narração da história de vida, busca-se resgatar espaços de emancipação na vida de ex-alunas da escola comunitária de confissão luterana. Emancipação é o caminho para a libertação de todas as alienações (históricas, sociais, econômicas, culturais, morais, teológicas, etc...) que não permitem às mulheres tornarem-se seres humanos históricos, sujeitos éticos. A construção da emancipação humana leva para o processo do uso da própria razão, da constituição do "eu autônomo", do resgate da corporeidade, aspectos importantes a serem incorporados na história das mulheres. Portanto, nas histórias de vida das ex-alunas de escola luterana, além do processo educacional também é necessário considerar as interligações com a teologia e a igreja luterana. Neste sentido, a teoria e a teologia feminista, tendo como chave hermenêutica o cotidiano, a experiência das mulheres (opressão e libertação) e o instrumental de análise de gênero, serão ferramentas que ajudarão a fazer a leitura da história de vida das ex-alunas, encontrando os espaços de emancipação, tendo como motivação ética, a construção de uma vida boa. A narrativa das histórias de vida têm um significado vital para as mulheres, sendo um importante processo de construção, desconstrução e reconstrução de suas vidas. Deifelt entende ser esta uma tarefa teológica, pois as "(...) palavras sempre foram o material de trabalho da teologia. Aliás, a religião, de modo geral, serve-se de ritos e palavras, trabalhando o imaginário simbólico e traduzindo-o para dentro de um universo específico de palavras." É necessário incluir no fazer teológico e pedagógico a "palavra vivida/experimentada" no cotidiano histórico das mulheres: o prazer e a dor, a alegria e a tristeza, a libertação e a opressão, as coisas concretas da vida.

    Percebe-se que a história emancipatória das mulheres continua sendo tecida, sendo um processo de inacabamento transgeracional. Nesta direção, Ricouer recorre à noção de dívida, contrapartida do distanciamento no espaço e no tempo" , sendo o presente fruto de um passado e o futuro vai se construindo a partir do presente. A dívida com o passado nos intimida para uma vivência responsável e plena no presente, comprometendo-nos com as gerações que ainda virão. A luta emancipatória das mulheres é um processo de memória transgeracional e trans-histórico, é "aquilo que atravessamos, ou seja, o que nos aproxima daquilo que a história parece nos distanciar." Dar voz às silenciadas (ex-alunas de escola luterana), portanto, tem como compromisso a construção de uma educação emancipatória, onde as questões da diferença de gênero, classe, religião, etnia sejam incluídas no processo da práxis educacional.


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