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Resumen de A superação das desigualdades na velhice: mais uma questão social no século XXI

Benedita Cabral

  • A expansão do processo de globalização incide sobre os diversos aspectos das sociedades contemporâneas afetando expectativas da vida humana (Santos, 1995). Em fins do século XX uma outra "Questão Social": o acelerado envelhecimento das populações e a forma peculiar de vivenciar essa fase do ciclo vital.

    Esse tema tem sido amplamente discutido tanto na esfera política e econômica como na esfera acadêmica. Entretanto, o que se observa é a freqüência de processos que excluem e desqualificam interesses dos segmentos mais velhos da sociedade brasileira, como o desmonte da Seguridade Social. Por outro lado, as conquistas de legislação favoráveis na última década, tais como, a Lei do Idoso (1994) e o Estatuto do Idoso (2004) são indícios importantes das chances de se alcançar inserção democrática desses segmentos. Enquanto a consolidação dessas conquistas evidencia a luta dos setores da sociedade comprometidas com a ética da cidadania para assegurar a todos os que envelhecerem igualdade de direitos e de possibilidades.

    A constituição do problema social envelhecimento transcorrido no século XX é resultado da conjunção de fatores que emergiram no processo de mudanças na sociedade, e que incluem desde as conquistas da liberdade das tecnologias, até as novas relações de poder, bem como, o desenvolvimento das forças produtivas, aumento da expectativa de vida, distribuição da riqueza, novos padrões culturais, negociações entre os Estados, sistemas de controles sobre a vida humana, conquistas na medicina, elevação dos padrões educacionais, difusão dos sistemas de comunicação e muitos outros que, junto aos citados, formam a teia complexa da sociedade pós-moderna (Santos, B. 1994; Featherstone, 1994; Lenoir, 1979; Guillemard, 1989).

    Comparativamente aos períodos históricos precedentes à conquista da longevidade surge como novidade, também pelas dimensões que atingiu nas populações da maioria das sociedades. Não sendo fenômeno recente, (ocorre, pelo menos desde o século XIX) efetivo contingente humano tornou-se longevo, sendo objeto de reconhecimento progressivo, através de especulações entre os grupos sensíveis às suas peculiaridades. A conquista da aposentadoria para os trabalhadores envelhecidos poderia ser citada como primeiro resultado desse reconhecimento, (que tornou visível a fragilidade da s regras do trabalho assalariado) incapaz de assegurar a reprodução dos sujeitos, quando se esgotasse sua força produtiva.

    O prolongamento da vida foi tratado com desprezo e deixado ao cuidado da caridade religiosa durante muito tempo. Portanto, não fazia parte dos encargos da sociedade, como mostra a literatura. Por outro lado, a expansão da vida, mediada pelo processo de sua transformação em problema da sociedade, refletiu-se em mudanças na classificação das idades, na noção da velhice e influenciou nas relações entre as gerações jovens e velhas, colocando em confronto interesses que dizem respeito à distribuição dos poderes e da riqueza, a transmissão de herança, a ordem familiar, contribuindo também, para elaboração de novos valores culturais. No movimento de constituição desse novo campo e de novos atores no cenário da sociedade, houve a revisão dos cálculos em torno das idades, que operou maior fragmentação no curso da vida conhecido até fins do século XIX. Também surgiu espaço para as novas concepções sobre a juventude e a maturidade, as quais foram subdivididas em novos percursos. Se a sociedade atual adota o culto à juventude num trabalho permanente de inculcação do valor de todos se sentirem e se preservarem jovens, e por isso, serem jovens, a luta de que falava Bourdieu (1983) tende a ser implacável: com a perda dos referenciais etários como parte da organização social, e com cada grupo disputando acirradamente, a possibilidade de permanecer no mesmo lugar preservando por mais tempo o usufruto das conquistas da humanidade.


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