O presente trabalho pretende abordar a questão da inserção das mulheres brasileiras descendentes de japoneses no mercado de trabalho especializado, no Japão. Quando uma grande maioria das brasileiras migrantes no Japão realizam o trabalho braçal, uma pequena parcela atua como tradutoras/orientadoras de língua japonesa e portuguesa, dentro das escolas públicas japonesas. Sob a orientação dos professores japoneses, elas fazem a ponte entre o aluno/ família brasileira e a escola japonesa, ao mesmo tempo em que dão aulas de reforços de japonês e português aos alunos brasileiros que freqüentam as escolas públicas japonesas. Muitas têm o grau universitário, mas não são especializadas na área educacional.
Para realizar o levantamento dos dados relacionadas a este mercado de trabalho e as brasileiras tradutoras/ orientadoras de língua, escolhi a província de Aichi, onde se concentra esse tipo de trabalho. Vale lembrar que essa concentração se deve ao grande número de famílias brasileiras migrantes que vivem nessa região, e a necessidade de tradutores nas escolas para auxiliar na comunicação entre as escolas públicas onde estudam as crianças brasileiras e suas famílias.
Os dados começaram a ser coletados em abril de 2003 e no momento ainda está em andamento. Nesse período de um ano, foram realizadas entrevistas com essas profissionais brasileiras, abordando as condições de trabalho, as exigências profissionais, o conteúdo de seu trabalho, a satisfação e as perspectivas profissionais. Ao mesmo tempo foi feito um levantamento através da secretaria de educação sobre o funcionamento desse sistema de trabalho nos municípios. Até o momento, pude analisar que cada município adota uma política própria em relação a contratação dessas profissionais, sendo diversificado as condições de trabalho e de salário.
Durante a coleta de dados, questionei se este trabalho de tradutora/ orientadora de línguas poderia ser considerado uma abertura no mercado de trabalho especializado, às mulheres estrangeiras. Questionei ainda se esse trabalho seria uma forma das mulheres estrangeiras ascenderem profissionalmente. Com algumas análises realizadas até o momento, pude perceber que, muito restrito às necessidades das famílias migrantes brasileiras, este trabalho só tem sentido enquanto houver a necessidade de orientar as crianças brasileiras e suas famílias. Sendo assim, apesar de especializado e rentável, é um mercado de trabalho instável, assim como é o mercado de trabalho braçal. Muito aquém de uma perspectiva profissional, algumas com muitos anos de atuação continuam a fazer o mesmo tipo de trabalho, com um pequeno aumento no salário. Com relação a uma possível abertura no mercado de trabalho, até o momento pude verificar que este trabalho está restrito aos latinos americanos de língua portuguesa e espanhola, e aos japoneses que entedem uma dessas linguas estrangeiras. A profissional tradutora/orientadora não faz parte do corpo docente das escolas, sendo uma profissional de contratação provisória.
A coleta de dados do presente trabalho será feita até final de maio, e uma vez encerrada, será feita a análise mais detalhada dos dados.
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