A temática deste estudo - Políticas Públicas para Educação de Jovens e Adultos: as articulações entre educação e trabalho -, insere-se no debate que tem como eixo a interface entre a relação educação e trabalho e as políticas educacionais para jovens e adultos. Ao mesmo tempo, faz parte de um debate amplo, conflituoso, de caráter multidisciplinar que, ao longo dos últimos anos, carrega a marca do "dissenso". No plano mais geral as questões referentes à educação estão alicerçadas no pressuposto, largamente difundido, de que as condições contemporâneas de produção orientam-se por um novo padrão de competitividade, tanto internacional como nacional, fundado no paradigma da qualidade, da busca constante de maior produtividade. O papel a ser desempenhado pela educação, especialmente aquela de caráter geral, tem sido insistentemente apontado como um dos pilares fundamentais para a efetivação das transformações.
No tocante às proposições para a educação de jovens e adultos os estudos mostram, ao longo da história da educação, um forte caráter instrumental expresso na atenção e respostas às demandas emergenciais do mundo do trabalho. A maior parte das proposições, longe de se constituir orgânica e institucionalmente, esteve impregnada por uma fragilidade que, no dia-a-dia, se traduziu na precariedade e pontualidade identificada na prática escolar. Os estudos mostram que pouco ou nada mudou nesse quadro e, o mais grave, aprofunda-se o fosso já existente entre a população jovem e adulta, de baixa escolaridade e com precária qualificação e sua inserção e/ou manutenção no mercado de trabalho, em suas múltiplas tendências.
O estudo focaliza as diferentes práticas escolares e educativas desenvolvidas, ao longo dos anos 90, no âmbito da esfera pública - pelos governos federal, estadual e municipal -, bem como aquelas propostas pela iniciativa privada - sobretudo pelas empresas no chão de fábrica. Lugar de destaque está dado às práticas de educação para jovens e adultos desenvolvidas pelas organizações não governamentais. A análise procura demonstrar em que medida tais proposições estão articuladas com as demandas contemporâneas do mundo do trabalho, destacando as avaliações elaboradas pelos diferentes atores que envolvem tal prática.
O estudo está estruturado em quatro seções que se complementam. Na primeira está a discussão, de caráter mais geral, que ocorre hoje no país em relação a urgência de uma política de educação voltada aos jovens e adultos. A segunda seção apresenta os diferentes programas e projetos em curso no país, nos âmbitos já citados, ao longo da última década. A seção terceira articula as demandas postas pelo trabalho com as características presentes nos programas e projetos. Por fim, na seção quatro, são apresentadas algumas recomendações no tocante a uma política de educação para jovens e adultos que, sem perder de vista uma educação cidadã, promove estratégias de inserção e/ou manutenção no mercado de trabalho.
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