O debate proposto está inscrito no contexto religioso do Rio de Janeiro marcado pelo pluralismo e pelo trânsito inter-confessional, fortemente incrementado pelo crescimento do campo evangélico pentecostal. Um ponto relevante que assume um papel importante no debate é a leitura realizada pelas chamadas igrejas neopentecostais, em especial a IURD, de que práticas religiosas e sociais não estão dissociadas. Esta inserção na vida pública trouxe uma sensível mudança da lógica "estamos no mundo, mas não somos do mundo", peculiar às narrativas pentecostais. Há uma negociação constante entre o "estar no mundo" e o "ser do mundo", que é um ponto fundamental para o debate proposto pela presente pesquisa. A inserção no mundo marcada pela participação efetiva na esfera pública, através da política e dos meios de comunicação, influencia na complexificação do debate de temáticas como: família, sexualidade, reprodução e planejamento familiar - envolvendo aqui posturas distintas sobre aborto e contraceptivos - e as possíveis combinações com essas práticas religiosas. O estudo privilegia a análise de trajetórias individuais que englobam os processos de conversão e desconversão religiosa, movimentos característicos do exercício da autoridade reflexiva gerada na modernidade. Levando em conta esta característica, problematizo as combinações e interdependências entre as respectivas opções confessionais, os "regimes dos prazeres" e os "usos do corpo" - que também envolvem estratégias reprodutivas, aborto e práticas sexuais. A pesquisa se inscreve no âmbito de uma rede familiar específica e ampliada, considerando também os laços de afetividade que incluem "amigos" e "agregados".
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