Jorge Kanehide Ijuim, Criselli Maria Montipó
O presente artigo busca suscitar algumas reflexões sobre os sentidos que emergem da narrativa jornalística sobre pessoas anônimas, em geral, desprezadas pela maioria dos meios de comunicação. Grande parte da mídia prioriza apenas fatos extraordinários que envolvam figuras públicas ou pessoas famosas. Apesar de esses modelos hegemônicos terem origem nos periódicos europeus do Século XVII, foram fortemente influenciados por uma racionalidade indolente (Santos, 2002), que estabelece dicotomias como conhecimento científico/conhecimento tradicional, cultura/natureza, civilizado/primitivo, norte/sul, ocidente/oriente. Esta postura valoriza apenas o que é abrangido pela modernidade ocidental. Como mediador da realidade social, os meios de comunicação também podem assumir o compromisso de dar voz a todas as gentes, de diversos gêneros, classes sociais e culturas, inspirados no que Santos nomeia como Sociologia Cosmopolita. A valorização do cotidiano anódino e de histórias de pessoas anônimas aqui é discutida a partir da análise de duas reportagens da revista Brasileiros. A partir do emprego de recursos da Análise Pragmática da Narrativa Jornalística (Motta, 2010) o intuito foi de investigar a presença de relatos que contemplam essas preocupações, assim como examina o tratamento dado a estes temas – um jornalismo de emergência – como alternativa aos modelos jornalísticos hegemônicos.
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