Em uma evocação do Rio de Janeiro, Rodrigo Lacerda expõe a metrópole em um quadro de realismo rude, quase feroz, porém matizado, muitas vezes, por um tom solidário, que se aproxima da compaixão. Marco Aurélio e Virgílio dividem a cena em diferentes momentos: no início dos anos 1980, quando são adolescentes típicos de Ipanema, e quase duas décadas mais tarde, quando se reencontram por iniciativa de um deles. Este artigo comenta a maneira como Marco Aurélio, narrador-personagem, articula passado e presente em relação a si mesmo e ao amigo, conectando suas trajetórias individuais à assustadora degradação que invade e desfigura o espaço urbano. A minuciosa construção de um condomínio fictício, o Estrela de Ipanema, mostrado em seu esplendor inicial e, depois, à beira da ruína, ganha amplitude e se torna metáfora de um Brasil que, até hoje, não superou sua condição de promessa persistente ou obra inconclusa.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados