Análise de texto memorialístico inédito de Maria de Jesus da Silva (Zuza), intitulado por ela mesma Divã de papel, título que contém as premissas da presente reflexão, que busca examinar a atuação da enunciadora em sua multiplicidade de vozes, sob a perspectiva da relação com os relatos de testemunho. Declarando-se “testemunha estomacal”, a narradora desvela que não se trata apenas de ver/viver para contar, mas de contar para viver, registrar no estômago e na folha de papel o sulco da falta ou o fluxo da sobra. Essa escrita terapêutica fortalece a reinserção de Zuza na ordem social, conferindo-lhe o papel de reinserir outros que, como ela, continuam sendo expulsos dessa ordem.
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