José Pedro Luchi, Edebrande Cavalieri
O artigo expõe, comenta e exerce crítica sobre o empreendimento habermasiano de um resgate normativo da religião, a partir de um diálogo com os textos kantianos pertinentes. Diante de um enfraquecimento das fontes de solidariedade social e as insuficiências de uma Teoria da Justiça, Habermas pretende uma apropriação agnóstica de conteúdos semânticos de tradições religiosas para superar o derrotismo esclarecido da descrença. Com isso, ele também reconstrói as delimitações entre Fé e Saber. São aqui retomados eixos da reflexão kantiana: a moralidade como critério para uma hermenêutica resgatadora de conteúdos religiosos, com destaque para o conceito de comunidade ética e sobretudo o potencial de incentivo à implementação da lei moral que vence resistências e supera o risco do desespero normativo. Réplicas de Habermas a algumas objeções explicitam que Kant teria colocado a fé em Deus injustificadamente no âmbito de um saber moral necessário, quando, segundo a lógica interna de seu próprio pensamento, ela deve se situar como uma autointerpretação ética possível, entre outras. O enfoque da religião a partir de seus efeitos de solidariedade e terapêuticos, mas que não pretende se pronunciar sobre seu “núcleo opaco” dá ensejo às considerações críticas conclusivas.
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