O presente artigo é uma análise da recepção inicial e posterior adaptação do programa Filosofia para Crianças de Matthew Lipman na América Latina (AL). São tomadas como ponto de partida as suas principais características filosóficas pragmatistas e em seguida mostra-se o modo como o seu trabalho e o seu pensamento influenciaram a AL. Por fim, faz-se um esforço para elaborar possíveis relações futuras entre as idéias de Lipman e o contexto latino-americano. Para aqueles que já estão familiarizados com o trabalho de Lipman, o caminho pragmatista que ele seguiu parece ser facilmente reconhecido. Lipman adapta o conceito de “comunidade de investigação” de Peirce na elaboração de sua abordagem de Filosofia para Crianças; frequentemente, ele se refere ao eixo conceitual da filosofia de John Dewey; e também, recorre ao conceito de “ciência normal” de Thomas S. Kuhn. Com a proposta filosófica de Lipman percebemos a relação estreita entre a filosofia e a educação, o que implica na consideração necessária da abordagem epistemológica, ética e política decorrente. Assim, transportando-se estas idéias para o contexto latino-americano podemos constatar as implicações do programa lipmaniano no tocante à tolerância e ao respeito necessários num mundo marcadamente diverso e plural, desejoso por uma democracia real e verdadeira. De acordo com esta perspectiva, tendemos a um futuro onde todos poderão participar efetivamente das decisões para a melhoria da sociedade, uma vez que serão todos capazes de pensar de modo razoável e justo, hábeis no manejo de idéias e de argumentos, auto-confiantes e disciplinados individual e socialmente, sabendo pensar bem e julgar com responsabilidade intelectual e moral. No caso latino-americano, torna-se necessário o entendimento crítico sobre as experiências que afetam a realidade dessas sociedades Nessa tensão do universal latino-americano versus o particular de cada uma das suas sociedades individuais, manifesta-se a contradição que mostra a riqueza dos problemas que poderão promover o maravilhamento de que nos fala Lipman e, conseqüentemente, as questões filosóficas mais pertinentes.
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