Marcelo Bulhões, Ricardo Magalhães Bulhões
Avaliar a adaptação cinematográfica de Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios, filme dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, baseado no romance do mesmo título de Marçal Aquino, é o propósito deste artigo. Tanto no romance quanto no filme, a todo momento, o leitor/telespectador é convidado a lidar com a visão tensa de um narrador – personagem que conta sua própria história compondo espécies de flashes das suas traumáticas lembranças. Em um movimento de vaivém, quase sempre entrecortado pelas falas e relatos de personagens secundários, o protagonista encarna a figura de um narrador angustiado, que não consegue se livrar de conflitos que o assombram, sobretudo a lembrança de Lavínia, mulher sedutora e enigmática por quem se apaixonara. Neste nosso texto, o interesse recai sobre o problema do ponto de vista. No filme a natureza ótica do meio cinematográfico inscreve o olhar na estrutura da ação dramática. Assim, a questão do ponto de vista desponta como categoria decisiva reveladora das próprias especificidades da literatura e do cinema.
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