Patricia Rebello da Silva, Consuelo Lins (dir.)
Pensar a potência da escrita ensaística no campo de um cinema que opera na fronteira entre a construção e a desconstrução de “verdades”, como acontece nos domínios do documentário, nos leva à formulação da seguinte hipótese: seria possível encontrar nas narrativas dos ensaios um princípio esclarecedor do modo de circulação das imagens contemporâneas, e que se enraíza na instalação da dúvida no coração dos discursos e das estratégias que engendram aquilo que tomamos e construímos como real? Seria o caso pensar os ensaios como sistemas desorganizadores da relação confortável e segura que nos acostumamos a manter com as imagens? Interessada no debate em torno de uma concepção que nasce de comandos de desconstrução, desmontagem e deslocamentos, o recorte desta pesquisa optou por dirigir o olhar para um tipo de construção narrativa encontrado em parte substantiva da produção atual de documentários. A partir de três características singulares desta forma, a subjetividade, a liberdade e a montagem, iremos pensar a maneira como a irrupção do ensaio em meio ao documentário permitiu a recondução de uma série de princípios, conceitos e noções relacionados a esse cinema. Ao final desse processo, a análise de três documentários contemporâneos que se arriscam na escrita do ensaio irão permitir, na prática, compreender a lógica funcional da forma ensaio.
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