Aventurar-se na contística de Antonio Carlos Viana é, sem dúvida, aceitar o papel de espectador e espiar o lado violento e traumático da miséria imposta a seus personagens. Contista premiado diversas vezes no Brasil, o escritor sergipano teve sua primeira obra publicada em 1974, Brincar de Manja, trazendo à tona o lado violento de experiências sexuais concernentes à infância e à adolescência. A partir dessa coletânea, sua contística denuncia a marginalização da mulher, da criança, do adolescente, do idoso, enfatizando as relações que mesclam corrupção e poder. Desde então, essas características foram acentuadas em obras subsequentes, a saber: Em pleno castigo (1981), No meio do mundo e outros contos (1993), Aberto está o inferno (1994) e Cine Privê (2009). Nessa perspectiva, “Moonlight Serenade”, narrativa presente em Cine Privê, corresponde a um desses contos que encaminham seu leitor a seguir o fio da memória pela objetiva de uma câmera. Assim, neste estudo, objetivo discutir as relações interpessoais responsáveis pelo comportamento da narradora-personagem, advindo da instauração da memória no conto contemporâneo brasileiro. Dessa forma, considero como escopo teórico o pensamento de Jacques Le Goff e Márcio Seligmann-Silva a fim de debater a recuperação da memória como meio de constituição identitária.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados