Brasil
Esta pesquisa tem como principal foco analisar o festival de cinema por meio dos conceitos de festa e dispositivo e assim mostrar como esse tipo de evento se torna uma instância autorizadora do cinema brasileiro, principalmente do gênero não ficcional. Para tanto, a primeira linha de análise traça uma abordagem histórico-antropológica que mostra a evolução da festa para o festival. A segunda, por sua vez histórico-filosófica, elucida a forma como esse tipo de evento se constitui um dispositivo, segundo os conceitos trazidos por Foucault, Deleuze e Agamben. Como dispositivo o festival é capaz de criar subjetivações nos sujeitos envolvidos e garantir a continuidade de produção e distribuição de filmes. O trabalho toma o Festival Internacional de Cinema Documentário É Tudo Verdade como caso exemplar e faz uma análise da estrutura das 15 primeiras edições do evento, realizadas de 1996 a 2010.
Entendido como dispositivo, esse festival ocupa um lugar social determinante para a evolução ética e estética do gênero e para o aumento da visibilidade dos documentários. Mediante tal abordagem, é possível identificar no festival e nos filmes premiados vestígios dos discursos, capazes de reconstituir a memória social do documentário no Brasil no período de retomada do cinema nacional e de apontar uma noção expandida de verdade contida no cinema documentário.
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