No Brasil, mais que outros países da América do Sul, a escola é um produto social desigualmente distribuído, seja pelas diferentes formas de absorção de categorias e grupos (classe, gênero, etnia, território, região), seja pelo tipo de rede escolar frequentado (público ou privado), constituindo, historicamente, um sistema educativo dualista e seletivo. Como disse Cristovam Buarque1, a escola brasileira é um funil de exclusão para a maioria da população brasileira, de modo que, apesar do desenvolvimento econômico e social dos últimos dez anos, o Brasil ainda esbarra em dois muros: a desigualdade que divide o país internamente e o atraso que o separa do resto do mundo desenvolvido. Esse fosso cultural e educacional que cria desigualdades dentro e para além das fronteiras nacionais decorre não só do longo e complexo processo de colonização e de desenvolvimento do Brasil, da concepção tradicional de educação aqui instaurada, mas, sobretudo, do tardio movimento de democratização da escola.
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