Através da descrição etnográfica – e, na medida do possível, multiespecífica – de uma série de controvérsias em torno de um extinto projeto de criação de galinhas de raça entre os Karitiana, povo indígena no estado de Rondônia, este artigo aponta para a necessidade de, nas investigações antropológicas em torno das interações (e descompassos) entre saberes tecnocientíficos e conhecimentos locais, atentar-se para o que sabem técnicos e agentes de campo. Estes personagens é que, muitas vezes, são quem efetivamente opera – não sem traduções e recriações – o trânsito entre ciência moderna e ciência nativa. Tais atores possuem sua bagagem própria de conhecimentos sobre as coisas do mundo, incluindo seus modos de tratamento dos animais, e são estes saberes – muito mais do que o conhecimento proveniente dos laboratórios – que dialogam com os saberes indígenas nas práticas produtivas locais.
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