O tema do luto, ao longo da obra de Rui Nunes, é ao mesmo tempo central e excêntrico. Ele não se encontra no núcleo da obra de Rui Nunes, nos temas do corpo, da morte, da violência da língua e da desfiguração, mas, no entanto, e permanecendo sempre periférico, ele coloca-se numa espécie de linha de fuga lateral que permite encarar de outro ponto de vista os seus temas principais, juntá-los numa outra “constelação”. O tema do luto, no entanto, não encontra uma fácil formulação nos diversos locais onde é convocado. Pretendemos mostrar, desta forma, que ele não pode ser lido nem a partir de uma incorporação ou interiorização nem, igualmente, a partir de uma dialéctica entre memória e esquecimento mas que deve ser lido a partir de uma “imagem da memória” que, não permitindo salvação alguma, lacere a própria memória.
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