No conto “Trevas no Paraíso”, do livro Trevas no paraíso – Histórias de amor e guerra nos anos de chumbo, de Luiz Fernando Emediato, o contexto de repressão à Guerrilha do Araguaia é construído pelo olhar de um narrador que segue com seu pai, um militante político, numa viagem até o coração da Guerrilha. O menino depara-se com fragmentos de uma realidade social e histórica que vê e não compreende bem, pois desconhece o real objetivo da viagem como também a própria identidade do pai. O olhar do personagem e as outras vozes que aparecem no conto, quase sempre em discurso direto, abrem a possibilidade de dizer pela ficção, em inúmeras vezes simulando a estrutura de depoimentos, o que foi encoberto nas narrativas oficiais sobre guerrilha. O conto se torna a reconstituição, tanto como depoimento quanto memória, de uma estória individual, que captura o real, através da citação do contexto histórico.
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