In spite of the witty saying that more books have been written about Richard Wagner than anyone else except Jesus Christ and Napoleon Bonaparte, I will venture to sail into the high seas. This essay is the first installment of a trilogy devoted to Wagner’s Tristan—a musical lament, indeed the cornerstone of modern(ist) art. Taking my cue from Eduardo Lourenço’s self-questioning remark on such powerful music, ‘By what mysterious means?’, I shall examine it anew, trying different tacks. The complete text— literary, theoretical and analytical—weaves through music and language. ‘Music in language’ is a preliminary attempt to explore sensual, artistic sound qualities in the word. ‘The language of music’, then, puts forward a grammar for tonal music as it may be sensed in a wider panorama of the evolving Western consciousness. ‘Music as language’, eventually, offers a novel approach to Wagner’s musicopoetic process: I thus seek to unravel that distinctive longing (Sehnen) of the so-called ‘Tristan chord’, resonating throughout the drama, and how it turns into Isolde’s blissful transfiguration. Only the first, literary part will be presented here. Significant figures of literary culture are summoned up with regard to that otherwise Portuguese soul experience of nostalgic longing—hence untranslatable—they call saudade. A broad, comparative survey of the shifting balance over time between music and language is then offered, which begs the fundamental question of artistic truth: either creative or reflective, it is a sort of harmony or consonance with reality, entailing different perspectives and multifarious voices.
Não obstante o dito espirituoso que mais livros se escreveram sobre Richard Wagner do que qualquer outra pessoa, excepto Jesus Cristo e Napoleão Bonaparte, aventurar-me-ei a navegar no mar alto. Este ensaio é a primeira parte de uma trilogia dedicada ao Tristão de Wagner – um lamento musical; de facto, a pedra angular da arte modern(ist)a. Tomando como ponto de partida a interrogação reflexiva de Eduardo Lourenço sobre música tão poderosa, ‘Por que mistério?’, examiná-la-ei de novo sob ângulos diferentes. O texto completo – literário, teórico e analítico – entrelaça música e linguagem: ‘Música na linguagem’ explora preliminarmente as qualidades sonoras, sensoriais e artísticas, da palavra. ‘A linguagem da música’, a seguir, propõe uma gramática da música tonal, compreendida no panorama mais amplo da evolução da consciência ocidental. ‘Música como linguagem’, por fim, oferece uma nova perspectiva do processo músico-poético de Wagner: aí procuro desvendar essa ânsia (Sehnen) tão peculiar do chamado ‘acorde de Tristão’, que reverbera ao longo do drama, e como ele se converte na transfiguração beatífica de Isolda. Só a primeira parte, literária, será aqui presente. Vultos significativos da cultura literária são convocadas a propósito dessoutra experiência anímica portuguesa de nostalgia – por conseguinte, indizível noutra língua – a que chamam saudade. Oferece-se então uma panorâmica comparativa do equilíbrio instável entre música e linguagem ao longo do tempo, que suscita a questão fundamental da verdade artística: seja ela criativa ou reflexiva, trata-se de um tipo de harmonia ou consonância com a realidade, que implica perspectivas diferentes e vozes multifárias.
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