Resumo: Édipo é, simultaneamente, τέχνη e τύραννος: alguém que, desde seu saber específico, toma e perde o poder. E entre o ignorante de seu passado e o sabedor em demasia, capaz de encontrar com sua inteligência as pistas do criminoso que, ironicamente, levam para si mesmo, vemos como, desde então, concebe-se uma nova forma do fazer político. A derrocada de Édipo, rei amado e querido por seu povo, assinala a dura crítica à tirania, que, desviando-se dos preceitos divinos, torna-se um sistema inapto de governo. Desaparece, dessa forma, o saber-poder ligado às transgressões, às lutas e aos excessos, para nascer um saber-poder ligado à pureza. A compreensão de Michel Foucault acerca de Édipo, por isso, determina o limiar de uma ruptura: do antigo modelo de poder que se fundamenta no governante que detém a mântica e a justiça e que endireita a cidade para um novo modelo, no qual o soberano, do cume de sua autocracia, representa a figura de rompimento entre o saber e a política.
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