O presente artigo trata da noção de obrigação que Bergson apresenta em As duas fontes da moral e da religião. Em primeiro lugar mostraremos de que maneira o ponto de vista de Bergson se afasta de duas maneiras habituais de encarar o problema, aquela da sociologia de Durkheim e da filosofia moral de Kant. Bergson demonstra que a moral não diz respeito a uma exigência da razão e que ela é um fato apenas relativamente social. Seu fundamento verdadeiro se encontra em uma intenção da vida. Veremos ainda que uma ação realizada por dever se define por um abandono ou deixar-se levar, e não por uma tensão entre ordens distintas de determinação acompanhada de uma coação sobre o querer, tal como postularia uma filosofia de inspiração kantiana. Em seguida examinaremos como Bergson é levado a definir a moralidade das ações como um instinto virtual, modo pelo qual a vida obtém, em uma associação de seres livres e inteligentes, uma regularidade que em outras linhas da evolução foi alcançada pelo instinto. Retomaremos para tanto algumas teses de A evolução criadora.
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