Coimbra (Sé Nova), Portugal
Entre 1886 e 1893, o médico e higienista Ricardo Jorge esteve ligado a um projeto de valorização comercial e terapêutica das águas do Gerês. Conhecidas desde há longos séculos e alvo de habituais peregrinações terapêuticas assentes numa tradição de base empírica, as propriedades curativas dessas águas passam a assumir um papel de maior destaque a partir da década de 80 do século XIX quando as análises químicas começam a servir propósitos de avaliação das suas qualidades mineromedicinais. Este artigo aborda detalhadamente o projeto médico-empresarial ricardiano em torno da hidroterapia, enquadrando-o no contexto da va-lorização económica e terapêutica das águas mineromedicinais, no reavivar do fenómeno do termalismo e na legitimação da hidrologia pelos progressos na avaliação química das águas. Apesar do insucesso comercial na exploração dos recursos hídricos, esta incursão ricardiana mostra as dificuldades do projecto e a complexidade do exercício profissional da medicina hidrológica, mas também o reforço da autoridade e prestígio de Ricardo Jorge no campo da hidroterapia.
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