Francisco de Sá de Miranda, poeta seiscentista português dos mais notáveis, é autor de uma obra poética que deambula por certo desconforto da subjetividade trabalhado pelo topos do desengaño. O objetivo desse artigo é aquele de verificar os modos pelos quais a voz poética põe em cena um ego entregue e dominado pelo mundo das ilusões ─ que, entretanto, a ele compete compreender ─ e aquele de explicitar como se compõe ─ no sentido mesmo da invenção, da disposição e da elocução seiscentistas ─ uma obra em que é comum reconhecer certa autopoiese do sujeito.
Francisco Sá de Miranda, one of the most notable Portuguese poets in the seventeenth century, is the author of poetic works touching on a certain discomfort of the subjectivity of the self, a topic he deals with through the topos of desengaño. In this paper, I intend to approach the ways through which the poetic voice brings into play an ego that surrenders to and is dominated by the world of illusions – which, however, is incumbent on him to understand –, and clarify how a poetic composition is devised, bearing in mind the sense of the seventeenth century categories of inventio, elocutio and disposition – in such a way that a certain autopoiesis of the self can be recognized.
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