A literatura metaficcional inclui hoje obras de diferentes épocas, o que permite falar com maior propriedade de um paradigma metaficcional comum a vários momentos da história literária em vez de nos cingirmos à época presente. Em Life and Opinions of Tristram Shandy, Gentleman (1760-67) de Laurence Sterne, encontramos já aquilo que hoje reconhecemos como metaficção e que se pode resumirao texto de ficção que fala de si próprio e que interroga a sua própria ficcionalidade. Se for esta a principal virtude de uma metaficção, então o nosso Almeida Garrett escreveu uma obra-prima do gênero, as Viagens na minha terra, texto repleto de considerações sobre a sua própria natureza ficcional e cujas interpelações ao leitor também podem servir decânone a qualquer teoria sobre a metaficção. Demonstrar-se-á que, quanto ao método, não há grande diferença entre estas metaficções pré-pós-modernistas e aquelas que se têm citado como pós-modernas.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados