Socorro, Portugal
Nuno Bragança inclui Shakespeare no grupo de criadores que foram muito importantes para si, sendo por isso normal que a obra do dramaturgo inglês apareça na sua escrita. Neste texto, apresenta-se em primeiro lugar a crítica do filme Macbeth, de Orson Welles, onde Bragança analisa as características que tornam a obra shakespeareana intemporal, verificando-se que estas coincidem com aquelas que são defendidas e praticadas pelo autor e suas personagens escritoras. Em segundo lugar, analisa-se a presença de algumas peças de Shakespeare na ficção de Bragança, que se concretiza através de vários processos de intertextualidade, procedimento que exige ao leitor uma cooperação ativa permanente, no sentido de identificar a presença do texto convocado e de interpretar a sua recontextualização. No que diz respeito a Shakespeare, a presença dos seus textos deteta-se nos três romances de Nuno Bragança, podendo identificar-se as peças Romeu e Julieta, Hamlet e Macbeth. As duas primeiras aparecem fugazmente nos dois primeiros romances, mas em Square Tolstoi este diálogo com Shakespeare ganha outra dimensão e alcance, assumindo um relevo determinante na produção de sentidos do romance em duas linhas de ação.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados