Fábio Francisco Feltrin de Souza
O argentino Domingo Faustino Sarmiento construiu uma narrativa para a nascente nação no século XIX. Suas criações tipológicas não só estão repletas de elementos exteriores ao que se chamaria de Argentina, como também anunciam que sua escrita é marcada pelo trauma de nunca ter tido uma educação formal. A permanente tensão entre civilização e barbárie na obra do letrado é uma marca constitutiva da própria construção do seu “eu” e do “eu” da nação. Assim como Sarmiento superou todas as adversidades impostas pelos caudilhos para ilustra-se, a Argentina deixaria para traz o atraso e a barbárie. Sarmiento narrou-se como o próprio herói da civilização. Ele se quis como paradigma, como exemplo nacional, por isso se fez como monumento revestido de sacralidade a ser cultivada pelas gerações futuras. Monumento que ganhou contornos de violência ao excluir todo aquele que estivesse fora de sua moldura nacional.
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