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Resumen de “Auto de reconhecimento da cabeça de um preto apresentada pelo Capitão de Mato”: crime, honra e negociação na formação de uma comunidade de senzala (Porto Alegre/Taquari, século XIX)

Paulo Roberto Staudt Moreira, Raul Rois Schefer Cardoso

  • Na rua da Ponte, após a Guerra do Paraguai rebatizada de Riachuelo, morava o Dr. Caetano Xavier Pereira de Brito, cavaleiro da Ordem de Cristo e Juiz de Fora, nascido em Pernambuco. Uma rotina habitual, mas não por isso menos tétrica, esperava o Juiz naquele dia 30 de outubro de 1821. O Capitão de Mato Francisco Gonçalves trouxera uma cabeça humana, que necessitava de identificação. Pelo Capitão de Mato foi dito que a cabeça era de Antonio Banguela, escravo do comerciante Manoel Alves dos Reis Louzada, morto “no ato de ser apreendido em um quilombo”. No dia 01.09.1821 alguns africanos falquejavam numa chácara próxima a Porto Alegre. Descontentes com o ritmo imposto pelo capataz, o agarraram pelas goelas e, com uma pancada com o olho de um machado, o assassinaram. Os homicidas, todos da África Central Atlântica, eram cativos do futuro Barão de Guaíba, que, ao falecer em 1862, alforriou em testamento 23 cativos, todos envolvidos em relações familiares oficiais, de um total de cerca 168 escravos. No ano seguinte à morte do Barão, uma desordem ocorreu em suas fazendas nas margens do rio Taquari, naquela época já pertencentes ao seu herdeiro universal e compadre, o cirurgião-mor Antonio Moraes. Os depoimentos dos escravos presos evidenciam uma comunidade de senzala madura e que o movimento visava negociar a manutenção de direitos costumeiros. Assim, nossa proposta é estabelecer uma aproximação com as experiências mais cotidianas desta comunidade negra, dispersa (mas interligada) entre o espaço urbano de Porto Alegre e o rural de Taquari. Sob a perspectiva de uma história social da cultura, a via de acesso será o uso etnográfico de fontes judiciárias, nelas coletando experiências que ilustrem a tensa e difícil constituição de uma comunidade de senzala, onde valores associados a honra e parentesco embasam relações hierárquicas e pessoais.


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