Maria Williana Alves Lucas, Evelyne Medeiros Pereira, Luana Paula Moreira Santos
O artigo busca desvelar a questão ambiental como refração da questão social e suas interlocuções com os processos de precarização das condições de vida e trabalho dos (as) catadores (as) de materiais recicláveis do lixão de Iguatu/CE, de onde extraem as fontes de sobrevivência e tecem suas teias de sociabilidade. Compreender as contradições inerentes ao cotidiano adverso e desafiador desses sujeitos, associada à dinâmica atual do padrão de (re)produção capitalista e seus reflexos no mundo do trabalho, é nosso fio condutor. Assim travamos uma interlocução com os (as) trabalhadores (as) do referido lixão, buscando identificar as particularidades que atravessam tendências cada vez mais vigorosas na realidade contemporânea: de um lado, a precarização do trabalho e o adensamento da questão ambiental como expressão da questão social; de outro, a perpetuação de segmentos invisíveis, desprotegidos pelas políticas públicas e negligenciados em suas necessidades sociais básicas. Para isto utilizamos como percurso metodológico a abordagem qualitativa articulada ao método histórico crítico dialético e a técnicas etnográficas, por meio das seguintes técnicas de coleta de dados: observação de campo, diários de campo, aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas junto a 10 (dez) trabalhadores, cujos dados obtidos foram articulados à pesquisa bibliográfica presente durante todo o processo de elaboração teórica. Os resultados e discussões realizadas atestam um cotidiano de trabalho adverso e desafiador, que submetidos à lógica do capital vivenciam condições de precariedade e exploração. Verifica-se o agravamento destas condições, em decorrência da inexistência de uma política pública efetiva de gestão de resíduos sólidos em âmbito municipal, conforme preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o qual submete esta parcela de trabalhadores à intensificação da exploração, consubstanciada pelo estado e pelo capital.
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