Brasil
O artigo analisa a metáfora da besta de sete cabeças e sua intertextualidade no Apocalipse de João e textos antigos egípcios e mesopotâmicos bem como com o Antigo Testamento. Fundamenta-se no conceito de metáfora, segundo Lakoff e Johnson; de texto da cultura, intertextualidade e semiosfera, oriundos da Semiótica da Cultura, de Lotman; e do monstro como representação simbólica de uma alteridade grotesca, segundo Cohen. Parte da pressuposição de que elementos semióticos e conceituais, plantados na memória das culturas, permitem o entrecruzamento dos textos de diferentes épocas e lugares. Além do texto bíblico em que animais monstruosos são usados como representação de poderes opositores, a metáfora da besta é analisada em suas conexões semióticas com textos antigos nos quais também se verifica a construção de figuras monstruosas de sete cabeças, como a Paleta de Narmer de 3100 a.C. e o Cilindro de Tell Asmar de 2200 a.C., entre outros. Essas conexões indicam que o texto apocalíptico bíblico não está isolado das culturas de seu tempo. Permitem também enxergar as narrativas proféticas do Apocalipse como texto da cultura, capaz de dialogar com uma rede de outras narrativas
This article analyzes the metaphor of the seven-headed beast and its intertextuality in the Apocalypse of John and ancient Egyptian and Mesopotamian texts as well as with the Old Testament. It is based on the concepts of metaphor, according to Lakoff and Johnson; the concepts of texts of culture, intertextuality, and semiosphere, from Lotman’s Semiotics of Culture; and the monster as a symbolic representation of a grotesque alterity, according to Cohen. It starts from the assumption that some linguistic and conceptual elements, settled in the memory of cultures, allow the intertwining of texts of different times and places. In addition to the biblical text in which monstrous animals are used as representations of opposing powers, the metaphor of the beast is taken in its semiotic connections with ancient texts in which also is verified a building of seven-headed monsters, like the Palette of Narmer from 3100 B.C. and the Cylinder of Tell Asmar from 2200 B.C., among others. These connections indicate that the biblical apocalyptic text is not isolated from the cultures of its time. They also allow us to see the prophetic narratives of the Apocalypse as a text of culture which is able to dialogue with a network of other narratives.
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