Estudando-se os procedimentos utilizados pelos pintores de vasos gregos para representar a metamorfose, verifica-se que os artistas optaram, frequentemente, por recorrer a figuras híbridas, que se pode interpretar seja como em início de transformação, seja como um alusão metonímica à metamorfose completada. Ao fazer-se um confronto com as narrativas correspondentes, percebe-se que os textos gregos também não descrevem o curso da metamorfose; contentam-se em mencioná-la rapidamente, sugerindo-lhe o carater imperceptível. O problema não é, portanto, unicamente figurativo: trata-se de uma impossibilidade mental e linguística de pensar a duração e o movimento. As descrições minuciosas de Ovídio, que captam a transformação, alongando a duração, constituem, pois, uma notável inovação.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados