Levantamos a hipótese de que a historiografia e outras formas de narrativa logográfica desenvolvem-se a partir de investigações e interpretações das imagens veiculadas oralmente pelos mitos. Desenvolvemos e exemplificamos esta hipótese a partir da comparação entre a versão historiográfica de Heródoto e a versão de um poema lírico de estilo anacreôntico, que contam um mesmo acontecimento: o rapto da princesa Europa. A comparação é conduzida pela análise da forma como uma mesma imagem pode provocar diferentes interpretações igualmente coerentes, segundo o contexto de significação. Para extrair a imagem essencial a partir da qual são construídas as versões, e usado o método ideogrâmico de construção poética. Concluímos que as imagens míticas precedem as versões históricas e que elas são mais próximas da percepção dos fatos, até quando são fabulosas demais.
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