Desde a edição de Lachmann (1816), houve muitas discussões sobre a extensão do segundo livro de elegias de Propércio. Basicamente observamos, hoje em dia, duas tendências a este respeito: uma que entende que as elegias de Propércio devem ser divididas apenas em quatro livros; e outra, menos conservadora, que argumenta ser o segundo livro muito extenso e, por esse motivo, seria uma fusão de dois livros, o 2A e o 2B. Neste artigo, apoio o pressuposto da divisão do Livro 2 em dois livros, argumentando que a tese de Lyne (1998a) é muito apropriada. Entendo que as elegias nos Livros 1 e 2 são marcadas por uma narração a persona, Cynthia. Considero a elegia inicial do Livro de Propécio 2B, 2.12, como uma digestão, que recapitula o tema central dos dois primeiros livros e apresenta um programa poético mais amplo do que o apresentado nas elegias anteriores. Além disso, pretendo observar as características ecfrástica desta digressão para apoiar a tese de Lyne, adicionando, dessa maneira, um novo argumento. Assim, 2.12, além de ser uma elegia programática, também é uma peça deveras inovadora em termos de argumentação, uma vez que apresenta dois mecanismos retóricos: digressio e ékphrasis.
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