A vida pobre do sambista original foi motivo de farta reflexão nas letras dos sambas. Desde Noel Rosa instaurou-se uma nova poética para as letras da canção popular, em que o questionamento sobre as vicissitudes dessa vida passou a ser um dos principais objetivos do sambista. Essa era uma forma de a cultura negra resistir à desculturação e à implantação de uma ideologia de inferioridade racial, impostas pela elite dominante, basicamente branca e de tradição europeia. As letras dos sambas eram questionadoras, polissêmicas e sarcásticas, gerando o que se denomina “pensamento sincopado”, baseado no uso da síncopa e motivador de certa forma de reflexão, a que se dá o nome de “filosofia de botequim”. No pensamento popular, sincopado, de Ataulfo Alves, expresso por suas canções, o presente texto vai buscar a “filosofia de botequim” em questionamentos sobre a vida, a sorte, a morte e a felicidade e seus diálogos com a poesia.
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