O presente artigo teve como objetivo discutir a atenção à saúde em uma comunidade quilombola do Pará após implantação do Programa Mais Médicos. Realizou-se estudo de caso qualitativo, constituído por duas etapas: exploratória e de realização de coleta de dados na comunidade. Utilizou-se as técnicas de entrevistas semiestruturadas, grupo focal e observação participante. Os atores chaves da pesquisa foram constituídos por usuários quilombolas, profissionais de saúde, gestores da secretaria municipal de saúde e representante do conselho municipal de saúde. Foram realizadas 30 entrevistas semiestruturadas, 24 com usuários quilombolas adultos, além de 01 grupo focal e anotações no diário de campo resultante de observação participante. Na análise, adotou-se a técnica de análise de conteúdo, com foco nas etapas empregadas por Bardin: pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Os resultados apontaram que tanto a comunidade quilombola quanto os gestores apoiam e avaliam positivamente a implantação do Programa Mais Médicos. Em relação à atenção à saúde, os resultados mostraram a insuficiência dos serviços de saúde para garantir um atendimento equitativo e integral à saúde dos usuários quilombolas. Verificou-se uma fragilidade dos vínculos entre equipe da ESF e comunidade e uma inversão da lógica assistencial com maior procura pela atenção hospitalar. Os quilombolas afirmaram a existência de racismo e discriminação no atendimento. Assim, percebeu-se a necessidade dos serviços de saúde compreender as especificidades das demandas das comunidades quilombolas e suas características socioculturais e fomentar ações de combate ao racismo institucional para que sejam ofertados serviços que correspondam às necessidades e anseios desta população.
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