Resumen de O mar, a nau, a batalha: a sobrevivência das formas na 'Antologia da memória poética da Guerra Colonial'

Lisa Carvalho Vasconcellos

• English

  The book Antologia da memória poética da guerra colonial was published in 2011 by Roberto Vecchi and Margarida Calafate Ribeiro. As a poetry anthology, its purpose was to collect and give meaning to the poetical ma­terial that was created and inspired by the wars that have taken place in 1962-74 between Portugal and it´s old colonies. Among the many themes and problems proposed by the poems compiled in the volume, the review and the reclaim of the ancient Portuguese literary tradition is the one that interest us. In Antologia da memória poética da guerra colonial, the old lite­rary forms – the Galician-Portuguese love lyric, the navigation chronicles, The Lusiads’, the historical figures and heroic myths – are revisited in a creative and imaginative way. Our hypothesis is that the presence of archaic and traditional elements in the Antologia indicates a form of survival (Na­chleben) of past forms and tensions (cf. Aby Warburg), they are the traces of a literary tradition that renews itself from the same points (the sea, the conquer, the lost and the destruction).

• português

  A Antologia da memória poética da guerra colonial, livro publicado pelos lusitanistas Roberto Vecchi e Margarida Calafate Ribeiro em 2011, é o mais recente esforço no sentido de coletar e dar significado ao enorme corpus poético que foi produzido a partir dos conflitos travados entre Portugal e suas ex-colônias nas décadas de 1960 e 70. Entre os muitos eixos temáti­cos e formais que atravessam os poemas e poéticas recolhidos no livro, o resgate e a reproposição da tradição literária portuguesa talvez sejam os principais. Nas mais de seiscentas páginas do volume, as tradições do pas­sado – as Cantigas de Amigo, as crônicas de navegação, a épica camoniana, as figuras históricas e os mitos heroicos – são revistas de modo crítico e inventivo. Mais do que uma releitura paródica do passado, a presença de elementos arcaicos e tradicionais na Antologia denota a sobrevivência de formas e tensões (cf. Aby Warburg) na cultura literária de Portugal, que se renova e reinventa a partir quase sempre das mesmas questões (o mar, a conquista, a saudade e a destruição).