No turismo, o centro da cultura e da sociedade costuma ser destacado contra um pano de fundo que engloba desde o normal e corriqueiro até espaços marginais, liminares, proibidos e evitáveis. Isso equivale a dizer que na periferia ou nos limiares de uma cultura habitam formas e linguagens que escapam àquilo que se compreende como fundamental à natureza do fenômeno turístico. Se os espaços percebidos como culturais, no sentido de erudição (museus, casas de cultura, patrimônio arquitetônico, ruas limpas e parques ordeiros, ditos civilizados), reinam absolutos entre os atrativos turísticos, é porque, por oposição, o repulsivo, o feio, o marginal, o sujo e o perigoso representam o que está na borda do turismo e deve ser evitado, impedindo a sujeira, a contaminação e a poluição. Tudo aquilo que não se encaixa nas belas e puras imagens turísticas construídas meticulosamente visando operar como atrativo sedutor é varrido à periferia, construído como ameaça, delimitado como perigoso, ou é reconfi gurado com vias a ser ofertado como mais um dentre tantos outros bens e itens indispensáveis aos olhares atentos e curiosos de turistas em busca de distração e do pitoresco.
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